sexta-feira, 8 de abril de 2011

TORNAR-SE PEQUENOS COMO SANTA TERESA PARA ALCANÇAR O AMOR, ANIMA O PAPA

Na Audiência Geral de hoje, o Papa Bento XVI falou sobre a Santa Teresa de Lisieux ou Santa Teresa do Menino Jesus, quem com sua vida mostrou que para alcançar a plenitude do Amor, a Deus, é necessário fazer-se pequeno com humildade, procurando o Senhor nas Escrituras e na Eucaristia, para doar a vida por outros.

Na audiência de hoje celebrada na Praça de São Pedro ante 10 000 pessoas, o Papa recordou aos presentes que a santa "viveu neste mundo somente 24 anos, ao final do século XIX, conduzindo uma vida muito simples e escondida, mas que, após a morte e a publicação dos seus escritos, tornou-se uma das santas mais conhecidas e amadas".


"A "pequena Teresa" nunca deixou de ajudar as almas mais simples, os pequenos, os pobres e os sofredores que a ela rezam, mas também iluminou toda a Igreja com a sua profunda doutrina espiritual, a tal ponto que o Venerável Papa João Paulo II, em 1997, desejou dar-lhe o título de Doutora da Igreja, em acréscimo àquele de Padroeira das Missões, já atribuído por Pio XI em 1939. O meu amado Predecessor a definiu "perita da scientia amoris".


"Essa ciência, que vê resplandecer no amor toda a verdade da fé, Teresa a expressa principalmente na narração da sua vida, publicado um ano após sua morte sob o título História de uma alma".


Teresa nasceu em 1873 em Alençon (França.). Era a mais nova dos nove filhos de Louis e Zélie Martin, beatificados em 2008. A Santa ficou órfã de mãe aos 4 anos e mais tarde sofreu uma grave enfermidade nervosa da que se curou em 1886 graças ao que chamou "o sorriso de Nossa Senhora".


Em 1887 peregrina a Roma com seu pai e sua irmã e pede ao Papa Leão XIII que lhe conceda entrar com apenas quinze anos no Carmelo de Lisieux .Um ano depois seu desejo se torna realidade, mas ao mesmo tempo inicia a grave enfermidade mental de seu padre que fará que Teresa se aproxime da contemplação do Rosto do Jesus em sua paixão. Em 1890 pronuncia os votos religiosos. Em 1896 começa um período de grande sofrimento físico, que a levará à morte, e à "noite escura" espiritual.


"Com Maria ao lado da Cruz de Jesus, Teresa vive então a fé mais heroica, como luz nas trevas que invadem sua alma. A Carmelitana tem consciência de viver essa grande prova pela salvação de todos os ateus do mundo moderno, chamados por ela de "irmãos".", disse o Papa.


Nesse contexto de sofrimento, vivendo o maior amor nas pequenas coisas da vida cotidiana, a santa leva a cumprimento a sua vocação de ser o Amor no coração da Igreja".


Teresa morreu na tarde de 30 de setembro de 1897, dizendo as simples palavras: "Meu Deus, vos amo!".


"Essas últimas palavras da Santa são a chave de toda a sua doutrina, da sua interpretação do Evangelho. O ato de amor, expresso no seu último suspiro, era como o contínuo respiro da sua alma, como o batimento do seu coração. As simples palavras "Jesus Te amo" estão ao centro de todos os seus escritos".


"Teresa é um dos "pequenos" do Evangelho que se deixam conduzir por Deus na profundidade do seu Mistério. Uma guia para todos, sobretudo para aqueles que, no Povo de Deus, desempenham o ministério de teólogos. Com a humildade e caridade, a fé e a esperança, Teresa entra continuamente no coração da Sagrada Escritura que contém o Mistério de Cristo", afirmou o Papa.


"E tal leitura da Bíblia, nutrida pela ciência do amor, não se opõe à ciência acadêmica. A ciência dos santos, de fato, da qual ela mesma fala na última página da História de uma alma, é a ciência mais alta".


"Confiança e Amor" são, portanto, o ponto final da narrativa da sua vida, duas palavras que, como faróis, iluminaram todo o seu caminho de santidade, para poder guiar os outros sobre a "pequena vida da confiança e do amor", da infância espiritual ".


"Confiança como aquela da criança que se abandona nas mãos de Deus, inseparável do compromisso forte, radical do verdadeiro amor, que é dom total de si, para sempre, como diz a Santa contemplando Maria: "Amar é dar tudo, e dar a si mesmo"", concluiu o Santo Padre.


Ao final do Encontro, o Papa dirigiu aos peregrinos de língua portuguesa uma breve saudação reproduzida pela Rádio Vaticano em seu site em português:


Queridos peregrinos lusófonos,a todos saúdo e dou as boas-vindas, particularmente, aos portugueses vindos de Espinho e aos brasileiros de Divinópolis. Possa essa peregrinação reforçar o vosso zelo apostólico para fazerdes crescer o amor a Jesus Cristo na própria casa e na sociedade! Que Deus vos abençoe!

quarta-feira, 30 de março de 2011

A Renovação Carismática Católica e o Concílio Vaticano II

A Igreja, ao longo de sua história, tem presenciado o surgimento de muitos despertares e movimentos de renovação. O século da Igreja, como foi muitas vezes definido o século XX, já se iniciará sob o signo de uma necessidade: o desejo da presença criadora e libertadora do Espírito.


Em 9 de maio de 1897, o Papa Leão XIII publicou a Encíclica Divinum Illud Munus, sobre o Espírito Santo, lamentando que o Espírito Santo fosse pouco conhecido e apreciado, concita o povo a uma devoção ao Espírito. A leitura, os sermões e livros sobre este documento influenciaram muitas pessoas, estimulando também um número importante de estudos sobre o papel do Espírito Santo na Igreja.

Passadas algumas décadas e convocado solenemente no dia 25 de dezembro de 1961, através da Constituição Apostólica Humanae Salutis, a vida da Igreja contemporânea ficará profundamente marcada pelo Concílio Vaticano II (1962-1965).

Superando a fase apologética defensiva contra o mundo moderno, teve o Concílio o mérito de recolher e direcionar vozes proféticas do século XIX, que buscaram redescobrir a integridade e o ministério da Igreja, bem como movimentos na primeira metade do século XX, entre eles: Movimento Litúrgico, Movimento Bíblico, Movimento Ecumênico, etc., e que traziam um desejo comum: renovar a vida da Igreja e dos batizados a partir de um retorno às origens cristãs.

Para seu promotor, o Papa João XXIII, o Concílio deveria ser uma abertura de janelas para que um ar novo e fresco renovasse a Igreja.

Tendo também sido qualificado como o Concílio do Espírito Santo, O Vaticano II foi um verdadeiro Pentecostes como o mesmo João XXIII havia desejado e ardentemente pedido e, embora a dimensão carismática jamais deixasse de existir na realidade e na consciência eclesial, sobretudo na Lumen Gentium, em seu primeiro capítulo, o Vaticano II nos torna manifesto esta realidade não como algo secundário, mas como fundamental. Segundo este documento a Igreja é intrinsecamente carismática.

O Concílio Vaticano II não vê nenhum motivo para que se estabeleça uma oposição entre carisma e ministério ou carisma e instituição; tal como as instituições e os ministérios, os carismas são realidades igualmente essenciais para a Igreja. O Concílio consegue, assim, superar as antigas impostações dicotômicas que predominaram no campo teológico por vários anos e recupera o equilíbrio salutar da eclesiologia: o Espírito guia a Igreja e a unifica na comunhão e no ministério; dota-a e dirige-a mediante os diversos dons hierárquicos e carismáticos (LG 4).

Na compreensão que tem de si, a Renovação Carismática se percebe como um acontecimento estreitamente vinculado ao Concílio: A Renovação Carismática apareceu na Igreja Católica no momento em que se começava a procurar caminhos para pôr em prática a renovação da Igreja, desejada, ordenada e inaugurada pelo Concílio Vaticano II.

Não se havia passado um ano sequer ao término do Concílio, quando em 1966 começou a despontar o fenômeno religioso chamado agora Renovação Carismática.

Não sendo, pois, um acontecimento isolado, podemos localizar a Renovação Carismática como um dos desdobramentos da evolução da espiritualidade pós-conciliar.

André Alves dos Santos andre.amareservir@hotmail.com _________________ Fonte: http://www.rccbrasil.org.br